Quero-quero canta na coxilha
E o perdigão pia na restinga
E a minha carreta range estrada afora
E a minh'alma chora de alegria infinda
E alegre aqui estou, vou cantando assim
Porque regressei para o meu lugar
Voltei pro meu pago, não vou mais embora
Decidi agora que vim pra ficar
Quero-quero canta, canta quero-quero que eu quero cantar
Quem canta espanta a tristeza amarga que nos faz chorar
Que barbaridade, eu digo a verdade
A tal de saudade também faz cantar
Recordo que era ainda criança
Parti da querência por necessidade
Meus pais resolveram me dar o estudo
E trocaram tudo pra ir pra cidade
Estudei bastante, até me formei
Mas viver distante não me acostumei
Ao pisar de novo o chão que venero
Ouvindo o quero-quero estes versos cantei
Quero-quero canta, canta quero-quero que eu quero cantar
Quem canta espanta a tristeza amarga que nos faz chorar
Que barbaridade, eu digo a verdade
A tal de saudade também faz cantar
Ao sentir o cheiro do campo nativo
Na estrada do tempo andei a pensar
Eu me tornei homem na educação
Mas meu coração ainda é de piá
Ouvindo os pássaros gorjear no pampa
Da minha garganta um grito escapou
Gritei em soluços: Que xucra saudade!
Com sinceridade meu pranto rolou
Quero-quero canta, canta quero-quero que eu quero cantar
Quem canta espanta a tristeza amarga que nos faz chorar
Que barbaridade, eu digo a verdade
A tal de saudade também faz cantar