Encilhei o meu cavalo de pura marcha troteada
E saí cortando atalhos numa noite enluarada
Procurando um bailezito para dar uma dançada
Meu cavalo ia troteando e de longe fui escutando
Uma cordeona chorando num salão beira de estrada
Era um fandango animado pra valer
Mas agora quando lembro chego a pedir pra morrer
Bem na frente do salão amarrei o meu cavalo
Ajeitei o nó do lenço, apertei bem no gargalo
Paguei entrada e entrei, numa prenda dei um pealo
Era linda a criatura, regulava minha altura
Segurei pela cintura e saí firme no embalo
Era um fandango animado pra valer
Mas agora quando lembro chego a pedir pra morrer
E o baile sempre enfezado, marca vai e marca vem
Fiquei até meia noite dançando como ninguém
De repente ouvi um grito igual apito de trem
Quando veio um camarada com a boca escancarada
Querendo dar uma dentada no pescoço do meu bem
Era um fandango animado pra valer
Mas agora quando lembro chego a pedir pra morrer
Aí que me dei por conta que era baile de vampiros
Gente que há duzentos anos pra outro mundo partiram
Passei a mão no meu berro mas não acertava um tiro
Tremendo e quase sem fala, fiz uma cruz numa bala
Só vi fumaça na sala e a vampirada sumiram
Era um fandango animado pra valer
Mas agora quando lembro chego a pedir pra morrer