Dá um alô
Eu cheguei
Eu nem queria colar
Quem inventou foi vocês
Até que eu ia voltar
Mas qual foi? Pra eu entender
Pensa o que?
Que isso é seu?
Cês me deve
Eu cobrei
Eu sei do meu lugar
Separam nossa classe
Soldados mal pagos
Robôs dos oligarcas
Quando chegarem os robôs de verdade
O que cês acham?
O estado é só um ganso
E cês tão brigando por migalha
Só quero meu espaço
Minha paz
Minha parte (meu trabalho)
Meu amor, minha arte
Se incomoda como eu falo
Danço, ando
Canto e claro
O quanto eu sou pago
Eu não sou daqui
Sou tipo a grana deles
Corre sangue em mim
Igualmente vermelho
Um dissidente de onde eu vim aqui o estrangeiro
O forasteiro
Insubmisso
O gueto
Nos bairro chique de fortal o pirangueiro em São Paulo o Paraíba
Em Portugal o brasileiro
Nada disso
O bandido pra apontar o dedo
O meliante bon vivant
O errante
Imigrante
Em favelas e guetos sangue
Ou coberturas o champanhe e blunt sempre um
Imigrante
Nos barcos e fronteiras, tantos pras fábricas, biqueiras
Onde há grana
Há sempre um
Imigrante
Ô meu Deus, abra as portas da Babilônia
Justiça há de ser feita! Êa!
Imigrante
Último mergulho ao mar
Saltar e sentir o sal da praia como um bálsamo
Saudade
Não que vá me faltar mais que faltava
Mas se éramos pobres
Por que nos vieram assaltar?
E então, estrangeiro aqui
De novo
Não integrado, cê já sentiu assim entre o próprio povo?
(Eu já) agora o outro, o exótico, não só o louco
O mundo é nosso
E eu deslocado ao próprio corpo
Vento na cara agora
Mente uma parabólica
Na estrada só e a
Sede maior que a paranoia
Sangue na trajetória
Arame farpado
Pra vitória
Coroa de espinhos
E sonhos afora
São mocinho
Eu vilão
E ainda assim bon vivant
Meu vetin quer curtir
Mandar grana pra família
Grana pra rasgar na cara da polícia
E de zé povin
Bom malandro, grande
Imigrante
Em favelas e guetos, sangue
Ou coberturas o champanhe blunt
Sempre um
Imigrante
Nos barcos e fronteiras, tantos
Pras fábricas, biqueiras
Onde há grana
Há sempre um
Imigrante
Ô meu Deus, abre as portas da Babilônia, justiça há de ser feita! Êa!
Imigrante